Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba foi onde caiu mais. Queda é uma espécie de efeito colateral positivo da crise econômica.


Em agosto, pela primeira vez em sete anos, caiu o preço médio dos imóveis à venda nas 20 maiores cidades brasileiras. É uma espécie de efeito colateral positivo da crise econômica.

Vende-se, vende-se, vende-se e vende-se. As placas estão por toda parte. Isso é mau sinal? Depende do ponto de vista. Para quem quer se desfazer de um imóvel, não está muito bom não, mas, para quem quer comprar, está ficando bacana. Por quê? Porque, pela primeira vez desde 2008, os preços médios dos imóveis caíram em 20 cidades brasileiras.

Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba foi onde caiu mais. E caiu por quê? Porque, com a crise econômica, muita gente anda desconfiada e está deixando de comprar.

Hoje, a gente tem a completa ausência dos fatores que incendiaram o mercado imobiliário nos últimos anos: explosão da renda, crédito muito barato e a confiança, o otimismo muito grande. Hoje, esses três fatores estão ao contrário. A gente tem renda em queda, crédito caro e falta de confiança”, explica o economista da Fipezap Eduardo Zylberstajn.

Para a gente entender um pouco melhor como essa crise está afetando o setor, o Jornal Nacional foi até uma empresa especializada em compra e venda de imóveis pela internet. Eles têm 23 mil clientes em todo o país. Do começo do ano para cá, o tempo médio de venda de um imóvel pelo site subiu de três para sete meses. Mais que dobrou. E até por isso eles já começaram a constatar que nos últimos meses os proprietários começaram a baixar os preços dos imóveis em 5% até 10%.

A gente consegue notar um aumento no tempo para negociação de imóveis maior nos imóveis de maior valor, nos imóveis nas principais capitais aí acima de R$ 1,5 milhão. Nos imóveis na faixa mais abaixo de R$ 600 mil, eles continuam tendo um giro um pouco maior”, aponta o diretor do site de imóveis, Eduardo Schaeffer. Giro maior e preço menor. Uma oportunidade aberta pela crise.

O corretor de imóveis Orlando de Felippe conseguiu convencer a dona de um apartamento a baixar a pedida de R$ 510 mil pra R$ 440 mil. O imóvel tem 50 metros quadrados e está novinho em folha. O Orlando está otimista e diz que, apesar da crise, a vida continua. “As pessoas casam, as pessoas precisam de moradia e, para isso, há uma demanda por apartamentos, por casas, moradias. Porém, eu estou sentindo que essa demanda está sendo reprimida. Num momento, espero não muito longo, toda essa demanda reprimida vai voltar e aí pode haver uma inversão da lei da oferta e da procura”, conta.