Os brasileiros interessados em comprar imóveis no exterior, seja para se mudar para outro país ou para diversificar os investimentos, têm incluído cada vez mais Portugal no seu radar.

A proximidade cultural e a língua em comum são apenas alguns dos fatores que explicam o maior interesse dos brasileiros pelo mercado imobiliário português.

Também pesam os preços, que são inferiores ao de outros países europeus, e o fato de o país conceder um visto, válido por cinco anos, para estrangeiros que compram imóveis acima de 500 mil euros.

Frederico Judice, diretor da Judice & Araújo, imobiliária brasileira que vende imóveis em Portugal, afirma que a busca por imóveis portugueses se intensificou a partir do ano passado.

"Cresceu muito o número de brasileiros que buscam informações sobre a compra de imóveis em Portugal e não dá para negar que existe uma influência das eleições. O público está nitidamente insatisfeito com atual governo", diz Judice.

Ele afirma que os perfis mais comuns de compradores brasileiros são: pessoas mais velhas, que já têm filhos formados casados e querem aproveitar a aposentadoria na Europa; família jovens que buscam se mudar para o país definitivamente, na mesma linha dos brasileiros que se mudam para Miami; e investidores, que diante da crise na economia brasileira buscam diversificar os investimentos.

Rafael Ascenso, diretor da imobiliária portuguesa de luxo Porta da Frente, conta que a imagem dos brasileiros sobre Portugal mudou bastante nos últimos anos. “Os brasileiros viam Portugal como um país em crise, mas se deram conta de que o país não tem problemas com saneamento, transporte e infraestrutura, além de ter 72 voos semanais para o Brasil, e um nível elevado de segurança", afirma.

Apesar de não existir ainda uma pesquisa abrangente que mostre o maior interesse do brasileiro pelo país, de acordo com Ascenso, na Porta da Frente os brasileiros já são responsáveis por 27% dos negócios fechados da empresa.

Rendimento

Rafael Ascenso conta que o mercado imobiliário português passou por uma forte queda de preços, de cerca de 20%, entre 2009 e 2010, como consequência da crise de 2008, mas os preços já retornaram aos patamares anteriores à crise. 

Os imóveis tem se valorizado cerca de 8% ao ano, segundo ele. O retorno é inferior ao rendimento proporcionado por investimentos conservadores no Brasil, que são balizados pela taxa básica de juros brasileira, Selic, que atualmente está nos 13,25% ao ano.

No entanto, Rafael Ascenso diz que o investidor que busca imóveis em Portugal está mais interessado em diversificar o investimento, comprando ativos no exterior, do que em obter um retorno muito elevado.