Para agência, financiamentos mais caros prejudicam o mercado imobiliário. Valores dos imóveis acumulam queda real de 3,47% entre janeiro e abril.

A fuga histórica de recursos da poupança – que este ano já perdeu R$ 2,9 bilhões – pode acelerar a queda de preços reais dos imóveis no Brasil, advertiu a agência Fitch Ratings em relatório divulgado terça-feira, 02/06.

Segundo a Fitch, as recentes medidas do Banco Central (BC) para diminuir as exigências de reservas para os depósitos de poupança e aumentar a disponibilidade dos depósitos para financiamentos imobiliários podem temporariamente trazer alívio ao mercado, mas é improvável que revertam a tendência global.

"A evasão líquida recorde de depósitos de poupança desde o começo do ano vem desgastando a fonte de financiamentos imobiliários mais barata do Brasil e forçando bancos a restringirem a concessão e a aumentar as taxas de crédito imobiliário", afirmou.

Financiamentos mais caros e restritivos e dificuldades macroeconômicas estão empurrando o mercado imobiliário para baixo, concluiu a agência.


"Crescimento negativo, crescente desemprego e elevados níveis de dívida, combinados a inflação e déficits públicos elevados, que, por sua vez, são endereçados por aperto monetário e fiscal, contribuíram para que os preços médios de oferta de unidades residenciais nas grandes cidades brasileiras começassem a diminuir desde agosto de 2014".

Queda real de 4%
O percentual médio de desconto recebido pelas pessoas que compraram imóveis nos últimos 12 meses atingiu em março seu maior nível desde 2013, segundo pesquisa Fipezap. O índice registrado foi de 7,5%, o maior resultado desde o início da série histórica da pesquisa.
Os preços dos imóveis em 20 cidades brasileiras subiram abaixo da inflação pelo quarto mês seguido, configurando uma nova queda real de preços, apontou FipeZap de abril. O aumento foi de 5,25% nos últimos 12 meses, enquanto o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), no mesmo período, subiu 8,16%.

Fuga histórica da poupança
As retiradas líquidas diminuíram os depósitos de poupança para o patamar equivalente a 9,2% do Produto Interno Bruno (PIB) em março. Em dezembro de 2014, correspondiam a 9,5%.

De acordo com a Fitch, embora o BC tenha recentemente reduzido as exigências de reservas que aumentaram o montante de depósitos de poupança que podem ser usados para o crédito imobiliário (para 74,5%, de 70%) e dificultado a utilização de outros ativos para cumprir as exigências de exigibilidade da poupança, estas medidas deverão ter apenas um efeito temporário.

Grandes saques líquidos adicionais de depósitos de poupança são prováveis nos próximos meses, diz a agência, uma vez que as taxas das contas de poupança estão limitadas a 6,2% ao ano mais TR (taxa referencial) de cerca de 1%.