Com o aumento das restrições para financiamento de imóveis, a busca por aluguéis no Brasil aumentou 32%, de acordo com pesquisa realizada pelo portal imobiliário VivaReal, que recebe mais de 10 milhões de visitas por mês.

Esse crescimento foi verificado entre os meses de maio - quando foram anunciados os novos limites para financiamentos de imóveis usados pela Caixa - e setembro deste ano. 

O aumento na demanda por aluguel foi ainda maior em Santa Catarina, onde a busca cresceu 60% de maio a setembro. As cidades de Florianópolis e Joinville foram as principais responsáveis pelo resultado e registraram elevações de 72% e 73%, respectivamente, na procura por aluguel.

Ainda que o centro seja uma das regiões mais procuradas de Florianópolis, os bairros Jurerê, Lagoa, Ponta das Canas registraram o maior aumento na demanda por aluguel. Fora da região das praias, Saco dos Limões, um bairro tradicional de Florianópolis também teve um grande aumento na busca por locação.

São Paulo também apresentou uma elevação na demanda por aluguel superior à média nacional: no estado, a busca por aluguel subiu 35% de maio a setembro. Apenas na capital, o aumento foi de mais de 25%, sendo as zonas leste e norte as regiões que tiveram os maiores aumentos. A região central da cidade, no entanto, é a que registra a maior procura por aluguel.

Ao observar os dados nacionais, as regiões Sul e Sudeste do país registraram a maior elevação na demanda por aluguel entre maio e setembro, de 44% e 32%, respectivamente. No Nordeste, o aumento foi de 30,5% e na região Centro-Oeste, de 30,7%. Já a região Norte não apresentou alterações na busca por aluguéis.

Lucas Vargas, vice-presidente executivo do VivaReal afirma que, com as mudanças constantes nas regras de financiamento, o brasileiro vê no aluguel uma solução de moradia a curto prazo enquanto tenta entender o cenário do mercado imobiliário. "Ao assinar um contrato de dois anos e meio ele pode observar melhor o mercado até se sentir seguro para a compra”, comenta.

Restrições nos financiamentos

Em abril deste ano, a Caixa anunciou a redução nos limites de financiamento de imóveis usados pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), no qual o valor amortizado é constante, mas as prestações são decrescentes, pois os juros pagos nas parcelas iniciais são maiores e diminuem ao longo do tempo.

Assim, a partir de maio, nas operações que usam recursos da poupança, que são aquelas que fazem parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), o limite de financiamento pela Caixa passou de 80% para 50% do valor do imóvel no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e de 70% para 40% para financiamentos pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).

O SFH engloba financiamentos de até 750 mil reais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal, e de até 650 mil reais nos outros estados. Os demais financiamentos são feitos dentro do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).

A Caixa também já havia reduzido de 90% para 80% o limite do financiamento para imóveis em geral e anunciado duas rodadas de elevações nas taxas de juros dos financiamentos, em janeiro e abril. Em agosto, o banco também anunciou que não concederá mais crédito imobiliário a clientes que já possuam algum financiamento na Caixa que utilize recursos do SBPE,

Neste mês, a Caixa anunciou ainda uma terceira rodada de elevações nas taxas de juros, que passa a valer a partir do dia 1º de outubro, próxima quarta-feira.

Assim como a Caixa, o Banco do Brasil e os bancos privados também anunciaram elevações das taxas neste ano e o Itaú, inclusive, também reduziu a cota máxima de financiamento de 80% para 70% do valor do imóvel.