Brasileiros gastam US$ 2,7 bilhões com imóveis em Miami. De abril de 2014 até março deste ano, as cidades mais procuradas pelos brasileiros no país foram Miami e Orlando, na Flórida

No ano passado, os investidores brasileiros representaram 6% das vendas de imóveis realizadas na Flórida para estrangeiros não residentes, segundo dados de um relatório do segmento imobiliário daquele Estado americano.

Com isso, o Brasil ocupa o terceiro lugar na lista de países que mais buscam imóveis nos Estados Unidos, atrás do Canadá e da Venezuela.

Foram 6,7 mil imóveis vendidos para brasileiros, que somaram uma cifra de US$ 2,7 bilhões em 2014.

O preço médio dos empreendimentos era de US$ 409,6 mil, superior aos demais compradores estrangeiros, que gastaram em média US$ 300,6 mil.

A forte procura por investimentos fora do país acompanha o sentimento de frustração com o cenário político e econômico local, afirma Daniel Rosenthal, diretor e idealizador da Investir USA Expo, evento que reúne incorporadoras, imobiliárias americanas, serviços jurídicos e investidores no Brasil.

O alto grau de insatisfação acaba se misturando com a vontade de ter outro lugar para morar”, afirma.

A última edição do USA Expo, que aconteceu em março de 2015, em São Paulo, bateu recorde de negociação, com um volume de US$ 32 milhões em acordos.

Tipo de investimento
De acordo com o levantamento, metade dos compradores tinham a intenção de alugar o imóvel ou passar férias. Do total investido, 8% dos brasileiros apostaram em fins comerciais e outros 44% escolheram condomínios ou apartamentos.

Sem ‘jeitinho brasileiro’
O trabalho de Rosenthal no Investir USA Expo passa pela detalhamento e acompanhamento de todos estágios necessários para que um brasileiro possa comprar seu imóvel nos EUA.

No entanto, segundo ele, o estilo americano nos negócios acaba por chocar-se com o famoso ‘jeitinho brasileiro’, criando situações embaraçosas.

Um deles é o de pechinchar, tentando um desconto no valor do imóvel, o que não é muito usual no mercado americano. Alguns chegam a propor fazer o negócio “por fora”, sem corretor, para não pagar a comissão.

É comum que muitos brasileiros insistam em tirar o corretor da compra, para tentar ‘baratear’ o negócio, o que não ocorre nos EUA”, exemplifica.

Ele afirma ainda que os compradores também tentam fugir dos impostos e têm dificuldades para cumprir os prazos americanos para documentos e pagamentos, mais rígidos e condicionados por multas.

Diversificação e rendimentos
Rosenthal detalha que a compra de um imóvel nos EUA era vista como chance de diversificação para muitos investidores, mas que agora há também oportunidades, uma vez o valor dos imóveis no exterior está em muitos casos mais baixo e com qualidade superior na comparação com o Brasil.

Lá (nos EUA), uma casa em condomínio fechado, com duas vagas, já vem até com eletrodomésticos, móveis e ar-condicionado”, diz.