O mercado imobiliário cresceu de forma exponencial nos últimos anos, tanto na valorização quanto na produção, e entre outros efeitos também trouxe a escassez da mão de obra na área de comercialização. A profissão de corretor de imóveis era uma opção de ocupação para aqueles que se aposentavam e tinham uma vasta rede de relacionamento. Com esse aumento na oferta, o mercado começou a atrair cada vez mais jovens para ingressar neste promissor e rentável mercado.

Como tudo, sempre existe os dois lados: por um lado está as vantagens que a juventude possui na facilidade em se relacionar com a tecnologia e suas ferramentas, propiciando um diferencial positivo, por outro lado, como todos os mercados, mas em especial o imobiliário, somente com o tempo pode-se conhecer e interpretar seus movimentos.

O início do processo de compra e venda ou de locação é a definição do valor em que se colocará no mercado determinado imóvel. Não diferente de outros momentos econômicos que já vivemos, a avaliação imobiliária passa a ter uma importância e uma responsabilidade ainda maior.

Além do início do processo de locação e de compra e venda, a avaliação também é utilizada com outros objetivos: como a avaliação patrimonial de pessoas físicas e jurídicas, também nos inventários e divisão de bens entre casais que estão em um processo de separação, nos financiamentos imobiliários ou naqueles em que um imóvel é usado como garantia para liberação de recursos, a avaliação para fins de indenização em alguma desapropriação para equipamentos públicos ou ampliação do sistema viário ou rodoviário. Enfim, são vários os usos e as necessidades de uma boa e responsável avaliação.

Em alguns países europeus e nos Estados Unidos os avaliadores têm ao seu lado e a seu favor um banco de dados públicos, onde o levantamento de informações são facilitados, bem como a veracidade das informações. Pois a base de uma boa avaliação é o conjunto dos negócios realizados. Diferente de nosso país, as escrituras de compra e venda são feitas e registradas no momento da negociação e os valores são reais.

Os custos cartoriais em nosso país são elevadíssimos, somados ainda a um antigo hábito, cada vez menor, mas ainda existente, de fazer contratos com valores abaixo dos reais.

Com a dificuldade na coleta de informações públicas sobre os negócios realizados a tarefa de avaliar um imóvel se torna ainda mais difícil, mas conta com ferramentas, cursos e critérios objetivos e técnicos para o trabalho, formando cada vez mais profissionais para a área.

Voltando para o mercado de compra, venda e locação, seja residencial ou comercial, as imobiliárias e os corretores têm obrigação de fazer com responsabilidade a avaliação do bem, pois o correto valor fará com que o mercado tenha a dinâmica e a liquidez esperada. Com o aumento da concorrência em todos os setores e também neste, alguns corretores por inexperiência ou até para tentarem conquistar clientes fazem avaliações acima do mercado, captam o imóvel e convencem o proprietário de que o valor é justo para o bem, na verdade, é acima do real. Fazendo isto o mercado diminui a liquidez e realiza menos negócios.

Esse fato decorre também de um hábito ruim e cultural de nossa sociedade: de não dar a exclusividade da venda para apenas uma imobiliária ou corretor. Quando percebermos que no momento que a imobiliária tem a exclusividade, trabalha melhor e de forma a concretizar o negócio mais rapidamente, o mercado usará mais esse formato. Acredito que estamos caminhando nesta direção ao construirmos redes de contato e venda pela internet e no processo de convencimento e de benefícios que algumas imobiliárias, inclusive em nossa cidade, já estão dando para aqueles que elegem a empresa para comercializar ou alugar seu imóvel.

Com essa responsabilidade em comercializar o imóvel a avaliação certamente será feita com mais técnica e trará resultados melhores na velocidade de venda e na liquidez no mercado imobiliário.

Flávio Amary é vice-presidente do Interior do Sindicato da Habitação no Estado de São Paulo (Secovi-SP) – famary@uol.com.br