No Rio, a quantidade de apartamentos para locação aumentou, em média, 50% desde 2014. Tem mais oferta e menos candidatos a inquilinos.

O mercado de imóveis anda passando por uma transformação. Com a economia do país desacelerada, quem tem imóvel para vender já percebeu. E muitos dos que precisam de um para alugar também.

Janelas que mais parecem classificados. De cima a baixo, lado a lado, aqui e ali o mesmo anuncio: “aluga-se”. As janelas são um termômetro do que está acontecendo no mercado de imóveis: tem apartamento vazio de sobra. É o que diz o sindicato da habitação. Principalmente porque, nos últimos anos, muita gente comprou para investir em locação. E também entraram no mercado os imóveis encalhados para venda.

Muito proprietário que hoje tenta vender o seu imóvel está tendo dificuldade e aí, para não ficar com o imóvel parado e pagando as contas, ele está colocando também para locar”, explica o vice-presidente da Secovi, Leonardo Schneider.

Um apartamento novinho, pronto para morar, está à venda, à espera de um dono. Mas, como anda difícil aparecer um comprador, a construtora apelou para o aluguel e oferece uma espécie de teste. Funciona assim: a pessoa aluga primeiro e, depois de morar um tempo, se quiser comprar, ganha desconto. “Esse cliente aproveita esse valor do aluguel para compra futura, limitado a 30 meses, os últimos 30 meses que ele vier a pagar”, diz o gerente comercial da construtora, Paulo Cesar Andrade.

No Rio, a quantidade de apartamentos para locação aumentou, em média, 50% desde 2014. Tem mais oferta e menos candidatos a inquilinos. “Essa questão de crise econômica que a gente vive está dificultando o mercado de locação e faz com que a procura seja menor”, destaca Schneider.

O valor do aluguel no Rio de Janeiro baixou, em média, 7% nos últimos 12 meses. Em Curitiba, caiu mais de 4%, e em São Paulo, 1%.

O apartamento da atriz Bruna Scavuzzi e do fotógrafo Ricardo Borges só virou endereço deles depois que o aluguel abaixou. “A gente chamava, assim, de ‘apartamento dos sonhos’, mas inacessível”, conta Bruna.
E eles não precisaram nem pedir desconto. “Pouco tempo depois, o proprietário ligou para a gente e falou que tinha baixado o preço. Baixou 10% já do valor”, diz Ricardo.

Agora, só falta desencaixotar a mudança e aproveitar o apartamento dos sonhos com um aluguel mais perto da realidade. “Já cabe no bolso”, diz o casal.